domingo, 14 de maio de 2017

um dia desses entrei na Mata e muito me incomodou a Mata vazia. pensei nos antigos, que as árvores (que ficaram) viram passar. não é sobre sentir falta do que não vivi, ciente que sou da efemeridade da vida... mas bateu a lembrança do batuque na beira de um riacho, veia do rio mamanguape; oferendas pra oxum, minha avó me banhando e eu chorando sem entender nada daquilo. foi tão bonito. bateu a lembrança pois aquele quintal sagrado, tornou-se Mata vazia. o fino riacho secou, ou o fizeram secar. o homem ganância e sua vontade de findar a vida. eu sinto muito quando sei que sou parte deste fluxo, indiretamente devaneio no conforto do meu quintal, um imenso matagal vazio, enquanto corpos parecidos com o meu, pedem socorro e perdem suas terras. seus quintais matagais desaparecidos. a história não identifica esses corpos, apenas a superficialidade política proposta filosófica e acadêmica que chega na mesa de debates hegemônica. reflito quase explodindo. inferno astral, mãos atadas num smartphone, São Gonçalo ainda é tão longe e flor é devir.

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