sábado, 24 de fevereiro de 2024

anus novo

é amiga, segunda lua cheia desse ano que recomeça pós Carnaval. 

não tirei uma carta para a última primavera. e agora nesse verão, as que tirei preferi não interpretar. talvez retome no outono a necessidade oracular. são muitos anos novos por vir. o seu por exemplo! 

antes que o sol chegue em touro, tô fazendo uma limpa dos arquivos internos. mandando pra cá o que não cabe mais, depósito verborragico. 

trago uma anotação de meses atrás, que resignifiquei apesar do contexto em que foi escrita: no dia que soube da partida de meuja.

 a Artista dorme.

ela está presente, no inconsciente, em que desfruta sonhos cronometrados. 

Em 3, 2, 1

A Artista acorda.

Com a corda amarrada, a cadeira quebrada, o ventilador não funciona.

A Artista no caso chegou aos 30. Não tem fome, porém faminta. Não cuidou da juventude, a grana mal resolvia as vias comuns da vida. 

A Artista corre, editais, inscrições, acessos, mistérios, fofoca, confusões. 

Deitada acreditando na ironia do destino, no falso ritmo que trouxeram de fora pra dentro, pra ela. A Artista sequela.

Materiais lhe faltam, papéis não temos, a assinatura trêmula já não é suficiente na garantia de nada. Nada parece fazer sentido. A Artista corre o risco. Entre uma parede e o vestido, entre um baseado e um comprimido, num ateliê ou numa redoma de vidro, por e-mail, caixa de voz, Antigo tweet y outras formas de comunicar, criticar. A Artista é responsável. Ela acata, ela ataca a Curadoria, ela troca e ela brinca. Mas é nítido que ela precisa. A Artista anda pencas. Ela aprende carona, desvio, pular catraca, molotov, cabeção de nego, manejar o fogo, hablar sobre segredos, medos, conceitos, preceitos que fazem sua história encostar na minha. A Artista migra. Sobretudo porquê necessita, leva na bolsa a saudade que muita gente desconhece e muita gente reconhece, leva a rota para voltar segura com todas as aspas possíveis, nutrida ou não. A Artista atua, finge em algum momento como todo mundo, entrega nitidamente um glitch no escuro e quem as curou não sabe muito bem como lidar entre o mercado y a permanência.

 A Artista já não responde por si. As causas que desconhecemos são frutos do mesmo consenso mantido há muito tempo, desde que a Artista é Artista.

A Artista é sensível. Perceba pelo tom de voz, caso ela hable e vc ouça. Perceba no aroma. As violências muitas vezes diárias ao são suficientes, acrescento o estado, as instituições, os métodos do design imposto ao mundo. A Artista rompe com o mundo. Ao mesmo tempo em que assume que há outro, bem aqui. Acessando por um caminho que ela mesma inventou. A Artista brilha, antes de voltar ao sonho bom e cronometrado, ela brilha entre a dança do sol e da lua, entre os espelhos e drones, entre a serra e o mar.

a artista descansa em paz. 

É isto... 




que horas são do outro lado da terra agora? É o ano do dragão 🐉  na China. não sei. Tem tanta coisa rolando que tô atenta a todas as viradas. 

sabe aquela: mande notícias do mundo de lá? 


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